terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Como e quando admitir que estamos velhos.

A semana passada dei por mim a fazer um PPR.
Há quem diga que foi algo sensato e muito prudente, pois perante o estado actual das coisas, nunca se sabe se vai haver reforma para a minha geração. Aliás, muito provavelmente, a geração da primeira metade dos anos 80 deverá ter uma idade de reforma, muito perto dos 110 anos.
O meu pai encorajou e aplaudiu este acto da criação do PPR.
Mas a verdade crua e dura, é que o PPR é o assumir de alguns factos tristes:
  • estou a ficar velho
  • estou com medo do futuro
Nada mais do que isso.
Digam o que disserem, ninguém põe dinheiro de lado todos os meses, para não lhe puder tocar nos próximos 40 anos, e fica feliz! Ninguém o faz a pensar "Ena pah o que isto me vai fazer jeito quando tiver 65 anos para curtir com aquelas malucas lá do lar!!". A menos que esteja a pensar gastar os milhares de euros acumulados em Viagra.
O facto é o seguinte: fazemos PPRs porque não confiamos nas pessoas.
Não confiamos que esta canalhada reles que hoje tem 15 ou 16 anos, vai trabalhar e descontar para nós, como nós andamos a trabalhar e a descontar para os nossos pais.
Não confiamos igualmente nos nossos filhos para escolher o nosso lar.

Em conclusão: ninguém no seu perfeito juízo faz PPRs ou poupanças a longo prazo com alegria. Fazemo-lo porque não temos alternativa, face ao futuro longinquo ou imediato bem negro que se avizinha.
Tome-se o meu exemplo:
Há algum tempo, alguém dizia sobre mim: "O Sérgio faz bem... É poupadinho. Não sai á noite, não estraga dinheiro em carros..."
Claro que não! Não tenho dinheiro para estragar em carros! Por isso não tenho outro remédio se não não gastar dinheiro em carros!

Eu acho que devíamos receber prestações mensais apenas por existirmos. Quanto mais fosse a intensidade com que a pessoas existisse, mais recebia.
O grau de medição seria eu. Ou seja eu recebia o máximo (quer se queira ou não eu existo com muita intensidade), e depois os outros recebiam por comparação comigo. Parece-me justo.

PS. Acabei de ler tudo o que escrevi e acho que não disse nada.

2 comentários:

  1. Eu acho que disseste muito, tanto que eu também já pensei nisso, embora eu nunca saiba por onde vou andar "amanhã". Seja como for tudo isso é verdade, a nova geração dá um pontapé no cu dos pais assim que surja a primeira dificuldade.

    Se eu tivesse mais dinheiro também gastava em carros, viagens, e muitas outras coisas que fariam substancialmente mais feliz. Olha, gastaria sobretudo com os meus pais, eles é que deviam estar no Brasil a curtir um sol em vez de estarem a fazer cachorros e bifanas toda a noite.

    Mas como não vejo grande forma de enriquecer muito e bem a curto prazo, está complicado para concretizar isto tudo. Resta-me pedir o que se deve pedir: muita saúde e muito trabalho!

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